Confiança que se vê

Com crise ou sem crise, Symrise projeta crescimento de 10% em seus negócios em 2009 e diz que vai manter seus investimentos no Brasil, que entre outras coisas, contemplarão a construção de uma nova fábrica. a primeira fase da edificação já foi iniciada e a projeção é que tudo fique pronto até 2011.

Confiança no Brasil é um argumento que dez entre dez executivos de multinacionais utilizam toda vez que são instados a justificar a presença de suas empresas no País. Para alguns, ele representa uma realidade; para outros, um exercício de retórica. Mas poucos são aqueles que conseguem, efetivamente, comprovar a verdade por trás dessa afirmação de forma enfática e indiscutível e por meio de investimentos sistemáticos no País, como é o caso da Symrise, empresa com sede na Alemanha, fabricante de fragrâncias, aromas, matérias-primas e ingredientes ativos para a indústria de perfumaria, bebidas, cosmética e alimentos.
Pouco depois de inaugurar, em novembro de 2008, em Sorocaba, interior do estado de São Paulo, o seu Centro Global de Cítricos – unidade que transformou Symrise Brasil na maior produtora mundial de aromas cítricos, destinado ao mercado brasileiro e mundial –, a empresa anunciou o início das obras de construção de uma nova fábrica naquele município, que deverá ficar pronta em 2011, duplicando a capacidade de produção da companhia.

Nesta entrevista, em clima de confiança, Éder Ramos, presidente da Divisão Scent & Care para a América Latina, confidencia aos leitores da revista Atualidade Cosmética alguns dos muitos planos de crescimento e visões da empresa sobre o mercado brasileiro e mundial, inclusive tendo a crise financeira como pano de fundo. E a boa notícia é que ela não chegou a assustar e muito menos a comprometer nenhuma estratégia de desenvolvimento da empresa, que pretende investir e evoluir sempre e cada vez mais. Com crise, ou sem crise.

Atualidade Cosmética: Como vêm se comportando os negócios da Symrise depois da instalação da crise no final do ano passado?
Éder Ramos:
Há um erro de posicionamento aí: a crise financeira internacional começou em maio de 2008 e não em setembro ou novembro do ano passado, como a maioria das pessoas pensam. Ou seja, ela é bem mais antiga e essa diferença de alguns meses está longe de ser desprezível, até porque ela se instalou, basicamente, suportada por dois pilares: a queda no crédito e na demanda. Nós fomos mais afetados pela queda na demanda. Mas, mesmo dentro desse cenário – e apesar da crise – em nível global a Symrise foi uma das empresas que mais cresceu no mercado durante o período.

AC: Em que áreas da operação foram registrados os melhores resultados?
Éder:
O maior crescimento aconteceu em Fine Fragrances e, também, na área de Household. No Skin Care fomos os líderes de mercado no segmento de filtro solar. Isso, em termos globais. No âmbito da América Latina, torna-se evidente que alguns países sofreram mais e outros menos. Entre os últimos estão o México e, felizmente, o Brasil. Estes, aliás, são dois grandes mercados para a Symrise, ao lado de Colômbia e Argentina.

AC: Na sua opinião, o pior da crise já passou?
Éder:
Isso é muito difícil de precisar. O que posso dizer é que estamos trabalhando arduamente para criar soluções aos nossos clientes, com o intuito de abreviar a passagem desse momento difícil. Mas, acredito que mesmo que a crise dure um longo tempo, a área de cosméticos não será atingida. As pessoas continuarão tomando banho, cuidando da pele e se perfumando.

AC: Mas e se elas optarem pelo down trading nessa área, como, aliás, já vem acontecendo em outras partes do mundo?
Éder:
O fato de os consumidores quererem se reposicionar e buscar marcas alternativas é, sem dúvida, uma possibilidade real. Por essa razão, neste momento, a Symrise está bem posicionada em relação a um grande número de empresas brasileiras. Nesse portfólio de clientes, temos companhias de todos os tamanhos, tanto as mais tradicionais quanto as menos conhecidas. E isso é algo positivo para nós e, em última análise, para todo o mercado.

AC: Isso implica dizer que vocês fecharam o primeiro trimestre deste ano no azul?
Éder:
Ainda não temos consolidados os dados relativos ao período. Mas, sim, com toda a certeza posso lhe dizer que alcançamos os nossos propósitos e fechamos o primeiro trimestre de 2009 dentro de nossas metas.

AC: Que são?
Éder:
A expectativa é crescermos cerca de 10% em 2009, em relação a 2008.

AC: De que forma essas boas perspectivas se refletem no plano de investimentos da Symrise aqui no Brasil?
Éder:
Dentro da estratégia global da companhia, eles serão mantidos. Continuaremos investindo na construção de nossa nova fábrica. A primeira fase de edificação já foi iniciada. E acreditamos que até 2011 tudo fique pronto.

AC: O que a instalação dessa nova fábrica deverá significar em termos de retorno para a empresa?
Éder:
Significa muito: ela nos permitirá dobrar nossa capacidade de produção e assim, é claro, atender de forma ainda mais aperfeiçoada – e com muitos diferenciais – à demanda de nossos clientes.

AC: Que diferenciais são esses?
Éder:
Acredite, a Symrise tem muitos. Por exemplo, na parte criativa e de tecnologia, somos a única casa de fragrância no mercado brasileiro que pode brindar seus clientes tanto com fragrâncias quanto com ingredientes cosméticos. Outras empresas podem até fazer isso, mas por meio de divisões, áreas separadas. A Symrise não: temos uma operação de matérias-primas e podemos sentar com nossos clientes e discutir desde a fragrância de um novo produto – quer seja ele um perfume ou um cosmético – até os ingredientes que irão entrar em sua fórmula.

AC: Vocês têm patentes na área de ingredientes para cosméticos, assim como têm para a de fragrâncias?
Éder:
Sim. SYMHELIOS, SYMVITAL, SYMTRIOL, SYMRELIEF são alguns deles, que, inclusive, já receberam prêmios em suas categorias.

AC: Em termos percentuais, o que os negócios de matérias-primas para cosméticos, representam para a Symrise no mundo e no Brasil?
Éder:
No mundo, ela é de 20%, contra 80% das fragrâncias. Aqui no Brasil, essa proporção é diferente: ainda não conseguimos chegar com os ingredientes a uma cifra tão expressiva. Mas já estamos com uma nova gerente de negócios e deveremos investir cada vez mais na operação de matérias-primas no País, principalmente nas áreas de cosméticos e orgânicos.

AC: Quais são as principais apostas em termos de segmentos?
Éder:
A Symrise está apostando bastante em Fine Fragrances e em Personal Care. Mas, é claro, sem esquecer das áreas de de Household e Oral Care, das quais somos praticamente os líderes no Brasil. Este último segmento, aliás, é muito promissor em termos de América Latina e de Ásia. A Symrise acredita muito nesses dois mercados para o Oral Care porque nessas regiões existe uma abertura enorme para tecnologia. E é nisso, exatamente, que estamos investindo. Aqui em São Paulo, por exemplo, temos um grupo de especialistas que trabalha somente com essa área, trabalhando fortemente em pesquisas e em tudo o que for preciso para a Symrise se destacar mais e mais nessa área.

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