A Beauty Fair além da feira: ações estruturantes

A Beauty Fair além da feira: ações estruturantes

Em entrevista exclusiva à Atualidade Cosmética, o diretor da Beauty Fair, Cesar Tsukuda, conta que geração de dados para o varejo de beleza e expansão internacional para levar marcas brasileiras a outros mercados da América Latina são as apostas da plataforma para contribuir com o desenvolvimento do mercado brasileiro de beleza em 2024

 

Ostentando o título de maior feira de beleza das Américas, a Beauty Fair, mais do que uma feira, busca se posicionar como um agente de transformação e desenvolvimento do mercado de beleza brasileiro em diferentes frentes. Nesta entrevista, o diretor da Beauty Fair, Cesar Tsukuda, fala das novas iniciativas da empresa para apoiar tanto o varejo de beleza quanto a indústria cosmética a ampliarem seus negócios de forma estruturada.


Em linhas gerais, o que já se pode falar sobre os resultados da edição deste ano da Beauty Fair? Em termos de expositores, você vê alguma categoria puxando o crescimento?
Estamos esperando números recordes. No setor de varejo, temos uma retomada forte de marcas de maquiagem. E vejo dois ou três grandes movimentos que podem ser os pilares de crescimento nos próximos anos. Um, mais ligado ao segmento profissional, é a área de lashes e sobrancelhas. Foi o congresso da feira que vendeu mais rapidamente e sabemos de outros eventos nessa área que foram realizados ao longo do ano com muito sucesso. Um segmento razoavelmente novo e que vem se destacando, meio inserido na maquiagem, mas é um mundo um tanto à parte também. Os outros dois movimentos estão mais relacionados com o varejo. Um é o do mercado de produtos naturais e orgânicos, com mais marcas se movimentando, o que acaba trazendo força para o movimento, que ainda não têm volume significativo ainda, mas é crescente. Mais especificamente no universo do varejo de beleza, vejo muitas iniciativas de indústria de trazer duas categorias para o canal - e a perfumaria vai precisar buscar essas categorias para ter novas alavancas de crescimento. A primeira é a categoria de pele, tanto facial quanto corporal, com boas iniciativas de marcas locais e internacionais criando um portfólio interessante de produtos para pele para o canal especializado. O mesmo vale para a categoria de fragrâncias, com a iniciativa de empresas como a Coty, de trazer um portfólio de fragrâncias para o varejo de beleza. Apesar de ser uma categoria muito forte no Brasil, ela ainda é pouco relevante na perfumaria. Uma última categoria, mais desafiadora, porque é algo muito novo para o canal, diz respeito aos nutracêuticos ou nutricosméticos. Marcas que já operam no canal farma estão querendo fazer o movimento de entrar na perfumaria.

No caso da indústria de perfumaria, você enxerga um movimento de marcas locais que atuam nessa categoria fazendo um movimento para ocupar esse espaço? Ou ele deve ficar nas mãos das marcas internacionais? 
Ainda não vejo (marcas locais). Mas faria uma aposta de que vai acontecer. Na medida em que as maiores marcas abrem espaço para a categoria, outras marcas seguem no caminho. Acredito que é algo que poderemos ver em uns dois anos. 

Olhando para além da feira, quais iniciativas da Beauty Fair voltadas para o desenvolvimento da indústria de beleza no Brasil você destacaria?
Temos um plano robusto para reforçar nossa atuação internacional. E nos próximos três anos, vamos focar a atividade internacional da Beauty Fair na América Latina. Já para a edição de 2023 da feira estamos trazendo 20 compradores da região para fazer negócios com marcas brasileiras. Também garantimos a presença de 20 indústrias locais na primeira edição da Cosmoprof Miami, uma feira que será, em boa medida, dedicada ao mercado latino. Nessa feira, a dinâmica será muito de prospecção de distribuidores para as marcas brasileiras no mercado internacional. Mas também queremos expandir a presença brasileira em feiras na Colômbia, Chile , Peru, Argentina e México por meio da cooperação com feiras locais. Nesses países, nossa proposta de valor é diferente: vamos buscar ajudar as marcas brasileiras a trabalhar localmente junto ao trade ou ao consumidor final. É algo mais para promover as marcas locais na região e nem tanto para prospectar compradores e distribuidores.

O que a Beauty Fair está propondo em suas ações na América Latina é algo muito mais na linha de ajudar as empresas a construir suas marcas e seus canais nos países da região e menos uma operação pura e simples de exportação de produtos. É isso mesmo? 
É um trabalho de construção de marcas, sim. Mas que caminha paralelo com a exportação, com as vendas. A aceitação está sendo boa. Lançamos o projeto no início de julho e em menos de seis semanas já temos as 20 marcas que vão estar conosco nessa jornada. Nosso objetivo é crescer o faturamento e fazer com que essas marcas avancem nos mercados da região. O projeto é de ocupação estratégica da América Latina por marcas brasileiras. Estamos dedicando um nível alto de esforços e recursos para fazer isso acontecer de fato, para podermos traduzir isso em números de crescimento das vendas internacionais de marcas brasileiras. Acreditamos que isso ajudará inclusive a dar perenidade aos negócios e poderá gerar participações de mercado relevantes para marcas locais no médio e longo prazo. 

Como especialistas em varejo, como vocês estão olhando a dinâmica dos canais em cada um desses países? 
Quando decidimos que nosso foco seria na América Latina, montamos um time interno para cuidar da região e entender as dinâmicas desses mercados. Estamos buscando entender os canais país a país, para direcionar melhor os esforços das marcas em cada um deles, que tem suas peculiaridades. Já estamos no campo e esses compradores que estão vindo parar a Beauty Fair neste ano passaram por um processo de entrevista extenso. Não só para garantirmos a qualificação, mas para eles nos explicassem um pouco melhor como funciona essa dinâmica nos seus respectivos países. Entender isso é nossa prioridade.

E para os varejistas, quais as principais iniciativas da Beauty Fair para este e o próximo ano?
Além das ações e eventos que acontecem na feira, temos três grandes frentes para as lideranças do varejo especializado em beleza varejo: a Missão para a NRF, o Líderes de Perfumarias, e as Confrarias regionais. Dentro dessas frentes queremos evoluir para abranger um elo da cadeia de valor da perfumaria que hoje nos falta: o distribuidor regional, que atende as pequenas perfumarias. Por isso, estamos desenhando um projeto que permitirá expandir tanto o Líderes da Perfumaria quanto as Confrarias para incorporar esses distribuidores. Também estamos maturando ideias para conectar outros dois elos importantes da cadeia: as demonstradoras e os representantes comerciais. Ainda estamos pensando, mas a ideia é desenhar um evento que conecte melhor o mercado com esses dois grupos. Assim, vamos completar os elos da cadeia e fortalecer o projeto da Beauty Fair. Em relação a feira, além do tradicional Fórum de Varejo, que acontece na manhã de oito de setembro, no período da tarde, a área de negócios da feira será aberta exclusivamente para os lojistas participantes do fórum. E à noite, teremos uma Super Confraria, que é a junção das nossas oito Confrarias regionais em um único espaço.

Vocês têm trabalhado há algum tempo na produção de dados para o varejo de beleza. Como está esse projeto? 
Definitivamente vamos entrar, a partir de 2024, com o projeto de auditoria no varejo de perfumaria. Estamos acabando de desenhar essa parceria para auditar exclusivamente as perfumarias, com mais amplitude e abrangência do que temos hoje, com relatórios mais direcionadas para o canal e com o entendimento da dinâmica das categorias no canal perfumaria , que é diferente dos outros canais, e vai permitir aos lojistas e às indústrias tomarem decisões melhores. Essa é a iniciativa mais relevante que a Beauty Fair vai ter no próximo ano em relação ao canal. Até porque é uma iniciativa que tem poder estruturante. Também vamos renovar uma pesquisa que fizemos em 2018, um novo Censo sobre as perfumarias no Brasil, um panorama um pouco mais detalhado sobre o canal. A ideia é apresentar isso na próxima edição do Líderes de Perfumaria, em abril do próximo ano. No geral, nossos esforços no próximo ano estão muito centrados na geração de dados para o canal. Para evoluir para um próximo ciclo de expansão, com redes de 100, 200, 500 lojas -  que é o próximo passo -, vamos ter que trabalhar melhor com os dados, tanto os de mercado quanto os internos. Sem isso não temos eficiência para gerir essa quantidade de lojas para gerir o canal regionalmente e categorias. 

E a missão da Beauty Fair na NRF?
Remodelamos o formato da missão. Agora, iremos à NRF, a mais importante feira de varejo do mundo, a cada dois anos, com a próxima ida à feira, em Nova Iorque, em 2025. Mas não deixaremos de estimular o desenvolvimento do mercado, porque em 2024 vamos levar o grupo de líderes do canal perfumaria que fazem parte da Missão Beauty Fair/NRF para uma imersão no Instituto Disney, na Flórida. A Disney não deixa de ser uma grande operação de varejo, só que no meio desse varejo tem parques de diversão. Certamente vamos ver sobre encantamento, excelência no serviço, entender como funciona  essa relação de varejo com os parques e daí tentar tirar boas práticas ou ideias que sejam possíveis de implementar no varejo de beleza brasileiro. 

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